domingo, 17 de abril de 2011

Perspectivas

Chega uma fase no término de qualquer relacionamento que o sofrimento diminui bastante. Talvez pelo tempo que se passou ou pela distância que acaba sendo necessária existir para que a cabeça fique em ordem. Seu corpo pede um descanso. Sua mente quer um tempinho pra parar, relaxar.

Eu faço terapia desde 2007. E a terapia é feita de estalos. Sabe aqueles momentos em que você percebe um padrão nas coisas que você faz ou que nota coisas que nunca havia pensado antes? Pois é, é a parte mais legal. Lá eu sou levado a conversar sobre coisas que sempre tive medo e receio de dizer. É um lugar seguro, onde não preciso me sentir julgado. E é por isso que, de vez em quando surgem essas luzes.

Então quando essas duas coisas se juntam o resultado é o começo de uma mudança dentro de você. Por que pela primeira vez você começa a falar de um relacionamento estando do lado de fora. Vendo tudo sob uma diferente perspectiva. E aí você começa a perceber coisas de uma maneira diferente por que aquele vínculo foi se apagando e aquele sentimento, que mesmo existindo, agora está adormecido.

A distância te traz uma sensação muito grande de superação. O que os olhos não veem, o coração não sente. E, além de um profundo carinho pelos meus amigos, meu coração não sente nada ultimamente. Às vezes acho que perdi um pouco a minha fé ou esperança no amor. Depois de todas as coisas que essa nova perspectiva te fazem ver é difícil pensar que posso encontrar alguém de novo e que não vou acabar criando mais um blog pra falar sobre todo o sofrimento que um novo fim vai me causar.

Minhas perspectivas hoje são de me conhecer, saber do que eu gosto, o que eu quero e não quero. E pela primeira vez na minha vida toda eu não quero me apaixonar. Não quero me cobrar por nada, não quero me sentir comprometido à vida de outra pessoa. Eu não estou pronto pra isso. Tenho medo de amar de novo.

Eu fui um menino que sofreu muito com paixonites durante toda a minha infância e adolescência. Fui apaixonado por algumas meninas durante anos, sem nunca dizer uma palavra, e sempre acabava com o coração partido quando via quem eu gostava com outra pessoa. Mas mesmo assim eu continuei acreditando em amor à primeira vista, em histórias de amor novelescas e em contos de fada. Sempre acreditei que em algum momento alguém feito pra mim iria aparecer. Mas esse menino ingênuo está desaparecendo aqui dentro. Ou está brincando de esconde-esconde, tremendo de medo que o encontrem.

Eu sempre vivi para amar os outros. E pela primeira vez eu estou no momento de viver para me amar. Mas sem aquele papo de cuidar do jardim para que as borboletas apareçam. Não vou fazer isso com a esperança que apareça alguém pra me amar e que eu ame também. Quero verdadeiramente fazer isso por mim. Talvez a vida me prove o contrário, mas agora me apaixonar de novo é uma situação difícil de imaginar.

E mesmo assim eu estou tranquilo. E bem.

I declare a moratorium.

Um comentário:

  1. ah to breathe
    stop looking outside
    stop searching in corners of rooms
    not my business or timing
    ahhh

    ResponderExcluir