segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tempos

Dizem que o tempo passa voando. E pra mim sempre foi assim, os dias passavam depressa quando eu precisava deles, e se alongavam quando o que eu mais queria é que o dia acabasse. Há um ano tudo isso mudou. E hoje, olhando pra trás eu vejo que cada um desses 365 dias teve 24 horas e cada uma dessas horas tiveram 60 minutos.

Há um ano eu me vi em pedaços. Hoje alguns caquinhos continuam pelo chão, e dói pisar neles de vez em quando. Mas a reconstrução mostrou pra mim mesmo que eu sou mais forte do que eu jamais pensei que fosse. Aprendi a me amar, aprendi a me colocar em primeiro lugar, aprendi a pensar em mim. Eu rompi barreiras, enfrentei desafios e fiz coisas que achei que nunca teria coragem de fazer.

Há um ano eu me vi sozinho. Hoje, por mais que doa, e às vezes dói muito, eu sei que sempre vou poder contar com alguém pra ligar, conversar e pra me dar um abraço (mesmo que esse abraço seja por telepatia). Eu sinto o carinho das pessoas em volta de mim de uma forma como eu poucas vezes senti.

Há um ano eu perdi o chão que me sustentava. Eu me vi perdido, sem rumo. Hoje eu me vejo construindo um caminho, por muitas vezes tortuoso, mas feito com as próprias mãos.

E só o que eu tenho a dizer hoje é obrigado. Obrigado a todos que, sabendo ou não, estiveram lá por mim quando eu precisei. Obrigado por me manter um sonhador. Por não fazer com que eu perdesse minha essência. Eu vivi cada segundo desse ano, respirei todo o ar ao meu redor. E mesmo com esse pedaço que falta dentro de mim, eu vivi.

Um brinde ao hoje. Um brinde a estar aqui.

sábado, 3 de setembro de 2011

Acidentes

Eu ainda lembro de algumas coisas. Foi num sábado de manhã. Minha tia me acordou, falando que alguma coisa tinha acontecido com a minha mãe. Acordei sem entender nada e fui pra sala, onde meu pai e uns enfermeiros estavam em volta do sofá. Deitada ali a minha mãe, acordada, mas com o olhar distante, vazio, oco. Lembro de entrar na ambulância, no banco da frente, enquanto meu pai ficava atrás do lado dela, segurando a sua mão. Depois disso aquele dia se transformou em muitos flashes na minha memória, eu chorando com a minha tia no hospital e dormindo e chorando do lado do meu pai em casa, só nós dois.

Voltar de férias de inverno dois dias depois não foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida. Ainda mais quando, durante a oração na aula de religião, a professora pediu para que todos orassem pela minha mãe. Droga. Queria que isso ficasse só pra mim, ninguém precisava saber. Foram semanas de idas pro hospital. UTI, depois quarto, e lembro que todas as vezes que eu estava no carro, a caminho de ir ver minha mãe, sentado no banco do carona, eu rezava. Sem parar.

Não sei se foi isso que ajudou, mas algum tempo depois ela estava em casa. Mas o acidente (vascular cerebral) tinha deixado sequelas que privavam a minha mãe de conseguir se comunicar, se fazer entender e de nos entender em certas coisas também. Aquela mulher que veio do hospital era outra mãe. Uma mãe que precisava de mim, tanto quanto eu precisei dela durante muito tempo. Foi uma época de engolir o choro, respirar fundo, esquecer que tinha apenas 13 anos e ajudar. Sempre com a esperança de que, um dia, tudo fosse voltar ao que era antes.

Um dos momentos mais chocantes de todo esse processo aconteceu bem nesse começo, quando uma pessoa entendida do assunto, uma médica, virou pra mim e disse que a minha mãe nunca mais voltaria a ser 100% do que era. 80%? Possível. 90%? Com muito esforço. Mas 100%? Nunca mais. Os danos eram irreversíveis.

Os acidentes pelos quais eu passei me mudaram e me fizeram a pessoa que sou hoje. O último pelo qual tive que passar também me mudou pra sempre. Assim como a minha mãe, nunca mais vou ser 100%. Minha confiança foi pra sempre abalada. Acreditar em sentimentos e ações é difícil. Palavras então? São as mais complexas de passarem aqui pra dentro.

E isso nunca vai voltar a ser como era, por que a primeira vez que você ama de verdade é única e esse sentimento nunca mais vai ter a pureza que teve como foi outrora. Alguns podem chamar isso de rancor, dizer que faz parte do amadurecimento e da transformação em adulto. Quem dera eu pudesse ser criança pra sempre.

Hoje minha mãe está bem. Ela ri, se diverte com os netos, conversa e a gente tenta entender ela e (quase) sempre consegue. E toda a vez que ela olha pra mim dá um sorriso de orelha a orelha. Não há pessoa que eu consiga amar mais nesse mundo.

E se apesar de nunca mais ser 100%, mesmo com toda a dificuldade, a minha mãe ainda consegue sorrir, eu também posso (e vou) tentar. Rumo aos 80 ou 90%. (:

domingo, 17 de abril de 2011

Perspectivas

Chega uma fase no término de qualquer relacionamento que o sofrimento diminui bastante. Talvez pelo tempo que se passou ou pela distância que acaba sendo necessária existir para que a cabeça fique em ordem. Seu corpo pede um descanso. Sua mente quer um tempinho pra parar, relaxar.

Eu faço terapia desde 2007. E a terapia é feita de estalos. Sabe aqueles momentos em que você percebe um padrão nas coisas que você faz ou que nota coisas que nunca havia pensado antes? Pois é, é a parte mais legal. Lá eu sou levado a conversar sobre coisas que sempre tive medo e receio de dizer. É um lugar seguro, onde não preciso me sentir julgado. E é por isso que, de vez em quando surgem essas luzes.

Então quando essas duas coisas se juntam o resultado é o começo de uma mudança dentro de você. Por que pela primeira vez você começa a falar de um relacionamento estando do lado de fora. Vendo tudo sob uma diferente perspectiva. E aí você começa a perceber coisas de uma maneira diferente por que aquele vínculo foi se apagando e aquele sentimento, que mesmo existindo, agora está adormecido.

A distância te traz uma sensação muito grande de superação. O que os olhos não veem, o coração não sente. E, além de um profundo carinho pelos meus amigos, meu coração não sente nada ultimamente. Às vezes acho que perdi um pouco a minha fé ou esperança no amor. Depois de todas as coisas que essa nova perspectiva te fazem ver é difícil pensar que posso encontrar alguém de novo e que não vou acabar criando mais um blog pra falar sobre todo o sofrimento que um novo fim vai me causar.

Minhas perspectivas hoje são de me conhecer, saber do que eu gosto, o que eu quero e não quero. E pela primeira vez na minha vida toda eu não quero me apaixonar. Não quero me cobrar por nada, não quero me sentir comprometido à vida de outra pessoa. Eu não estou pronto pra isso. Tenho medo de amar de novo.

Eu fui um menino que sofreu muito com paixonites durante toda a minha infância e adolescência. Fui apaixonado por algumas meninas durante anos, sem nunca dizer uma palavra, e sempre acabava com o coração partido quando via quem eu gostava com outra pessoa. Mas mesmo assim eu continuei acreditando em amor à primeira vista, em histórias de amor novelescas e em contos de fada. Sempre acreditei que em algum momento alguém feito pra mim iria aparecer. Mas esse menino ingênuo está desaparecendo aqui dentro. Ou está brincando de esconde-esconde, tremendo de medo que o encontrem.

Eu sempre vivi para amar os outros. E pela primeira vez eu estou no momento de viver para me amar. Mas sem aquele papo de cuidar do jardim para que as borboletas apareçam. Não vou fazer isso com a esperança que apareça alguém pra me amar e que eu ame também. Quero verdadeiramente fazer isso por mim. Talvez a vida me prove o contrário, mas agora me apaixonar de novo é uma situação difícil de imaginar.

E mesmo assim eu estou tranquilo. E bem.

I declare a moratorium.

terça-feira, 1 de março de 2011

Lições

As situações pelas quais a gente passa na vida (sejam elas boas ou ruins) nos ensinam muito. Eu lembro de quando eu tinha 13 anos e aprendi que não importa quão terrível uma situação possa ser, sempre vai haver um lado bom. E apesar de ser bem mais fácil focar no lado negativo, depende só da gente fazer uma forcinha e descobrir as lições boas que podemos tirar de tudo que acontece com a gente.

Se apaixonar, principalmente quando você é jovem ou imaturo, faz com que você cometa erros bem idiotas. Um dos maiores erros que eu já cometi foi de me entregar por completo a um relacionamento. Sabe quando as pessoas falam "Você é tudo pra mim"? Bom, à primeira vista pode parecer super romântico, mas se levado ao pé da letra, como eu acabei fazendo, pode se tornar doentio e até perigoso. Você se afasta de amigos, família. Vê o seu trabalho, seus estudos, o dinheiro que você ganha não como algo para você, mas como um meio para alguma coisa que tem a ver apenas com o relacionamento. Quando você menos percebe seu mundo gira em torno daquilo. Seu mundo se torna aquilo. Você deixa de ser você mesmo (que no meu caso eu nem sabia quem era), para se tornar esse ser meio siâmes.

Então uma das muitas lições, que foram mais boas que ruins, que eu aprendi com o que eu já passei em termos de relacionamento é nunca fazer com que a relação na qual você está se torne o centro da sua vida, e acredite, é muito fácil se empolgar pelo sentimento e fazer exatamente isso. É claro que relacionamentos são bons (muito bons, na verdade), mas eu acho que não devemos transformá-los na única coisa boa que existe na nossa vida. Por que se algum dia tudo acabar. TUDO vai acabar. E o que sobra de você?

Agora eu estou começando a aprender uma nova lição. uma das mais importantes lições que eu já tive que aprender. Espero fazer direitinho.

What do you say?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Atordoamentos

Um dia, numa discussão sobre a minha falta de sensibilidade que as vezes surgia, me citaram uma frase, que todos já devem algum dia ter ouvido, do livro O Pequeno Príncipe, que diz: "Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa". Apesar de estar no meio de uma "briga", na época eu achei lindo alguém dizer aquilo pra mim, afinal a noção de que eu pudesse cativar alguém era muito nova e excitante pra minha cabeça.

Mas com o tempo o trecho sobre cativar foi perdendo força dentro de mim, dando lugar cada vez maior pra parte sobre responsabilidade. O resultado? Acabei colocando em mim uma pressão enorme cada vez que eu criava um vínculo com alguém e onde essa pessoa acabasse desenvolvendo um sentimento por mim.

Não sei se a Raposa da história do Pequeno Príncipe está certa ou não. Mas se estiver eu com certeza não havia conseguido entender o sentido do seu ensinamento. Hoje tento pensar diferente. É claro que as relações, sejam de amizade ou de algo a mais, possuem "regras" e até deveres, mas elas não devem partir da cobrança, da culpa, e sim virem naturalmente como resultado de um carinho mútuo.

Não devemos exigir declarações de amor e, e nem dá-las se sentirmos que isso não seria realmente verdadeiro, por que isso mais cedo ou mais tarde vai corrompendo a relação, trazendo mágoa e tristeza. As coisas na vida acontecem de uma forma bem mais gostosa se ouvirmos a nós mesmos e deixarmos que tudo se encaminhe ao seu tempo. Claro que isso não deve ser entendido como uma defesa à preguiça, ao jogar as pernas pro ar e esperar que tudo caia do céu, por que não cai.

Mas estou escrevendo esse texto pra pedir desculpas. Nos últimos meses tantas coisas boas e ruins aconteceram na minha vida, tantas mudanças que já fizeram meu mundo virar de cabeça pra baixo e do avesso, que eu ando me sentindo meio atordoado com tudo, com pouco tempo pra respirar (e talvez seja isso que eu inconscientemente procure, ocupação para não precisar pensar). Mas por causa de tudo isso meus sentimentos andam meio dormentes e anda meio difícil de retribuir todo o carinho e amor que eu recebi das pessoas à minha volta. E apesar do que escrevi ali em cima, ainda sinto uma certa sensação de "dever" com todos.

Depois de tudo que recebi eu sei do carinho enorme que tenho por vocês, e me dói ver que esses sentimentos, agora, não estão conseguindo aflorar. Então eu peço paciência e perdão pelos momentos em que posso parecer indiferente, frio e triste, mesmo quando vocês estão empolgados e felizes por mim ou por qualquer outro motivo.

Desculpa se eu choro quando o que vocês mais querem é me ver sorrir. Mas saibam que estou melhorando em primeiro lugar por mim e logo depois por vocês. E se existe um sentimento que está muito forte aqui dentro é o de gratidão. Eu nunca vou esquecer das pessoas que me ajudaram em todos os momentos da minha vida. E eu prometo retribuir todo esse amor em dobro no primeiro segundo em que me sentir apto a fazer isso.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Plenitudes

Uma vez eu descrevi a situação de perder alguém que você ama muito como a amputação de um membro do seu corpo. Você, que vivia muito bem, de repente tem que começar a saber lidar com a vida sem um braço, uma perna. Claro que, diferentemente de alguém que realmente perde uma parte do seu corpo, as feridas cicatrizam e tudo volta ao "normal" com o tempo. Mas enquanto isso permanece aquela sensação de que uma parte de você foi roubada, ou se foi pra sempre. E aí surge um sentimento de vazio, como se tivesse ficado um buraco dentro da gente. Esses dias eu fiquei pensando sobre esse vazio.

No filme Jerry Maguire tem uma hora que o Tom Cruise vira pra Reneé Zellwegger e diz: "You complete me". E todo mundo no cinema ou em casa dá um suspiro. Mas o que será que nos faz realmente nos sentir completos? Família? Amigos? Um trabalho? Um namoro? Dinheiro? O que é aquela coisa que se a gente conseguir vai falar "pronto, agora estou satisfeito"?

Estou cada dia mais chegando a conclusão de que precisamos nos sentir completos dentro de nós mesmos. Sozinhos. E deveríamos ver as pessoas maravilhosas que temos a nossa volta e todas as coisas que conquistamos como um bonus, um extra. Extras incríveis, claro. Que temos muita sorte de ter.

Nosso maior medo não deve ser o de perder as pessoas que a gente ama, e sim de SE perder, ou de viver a vida eternamente dependente das pessoas que estão à nossa volta. Nós devemos nos sentir completos sozinhos. Por que aqueles que amamos (e aquele que odiamos) vão todos, eventualmente, embora. Ou nós iremos primeiro, se não tivermos sorte. Sim, é horrível, mas é a verdade.

Eu não quero dizer que devemos virar eremitas e viver numa caverna longe de toda a sociedade. A gente precisa de gente. Precisa amar, rir, dançar, chorar, se divertir e fazer de tudo com quem quer que seja, desde que essas pessoas nos façam bem. E acredite, eu sei muito bem a importância da família e de amigos na nossa vida. Mas nosso senso de plenitude não deve estar condicionado a eles. Muito menos às coisas que a gente possui. Precisamos ter a habilidade de ser fortes e nos amarmos na solidão. É um processo longo e difícil, que nos exige olhar pra dentro de nós mesmos, coisa que muita gente morre de medo de fazer. É poder apreciar nossas qualidades, reconhecer e aceitar nossos defeitos e tentar trabalhar neles para melhorar.

Sim, a vida é chata pra caramba quando é passada sozinha. Mas conseguir realizar esse feito de se sentir confortável quando não tem mais ninguém em volta é um gesto de amor que você faz pra você mesmo. A dependência nada mais trás do que insegurança e medo. E eu acredito que quanto mais você se amar e buscar a sua própria plenitude, mais vai atrair pessoas dispostas a amar você também.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cartas

Oi,

Tudo o que vou falar agora eu não falei antes por medo. Medo do que você iria pensar de mim, medo do que você faria, medo de te machucar. Mas está mais do que na hora de você saber a verdade. Eu estou escrevendo pra dizer o quanto eu estou feliz. Que mesmo namorando por apenas dois meses eu já fiz mais do que eu e você fizemos durante todo o tempo que estivemos juntos. A intensidade do sentimento pode ainda não ser a mesma, mas logo será.

Tá na hora de você levantar a cabeça e enfiar nela algumas coisas. Que mesmo quando eu estava com você não era fácil como agora é. Que eu não trocaria o que eu tenho agora por uma nova chance com você, nem se você estivesse aqui do meu lado. Que eu estou podendo fazer com ele coisas que eu nunca fiz com você. Que eu posso ter dito que a nossa relação era perfeita, mas agora vejo que não sabia de nada. Que eu amo ele. E que vou poder amar ele mais do que amei você. Por que ele está aqui, e você não.

Você pode escrever quantas declarações quiser, viver o resto dos seus dias pensando em mim ou imaginar que eu um dia vou bater na sua porta arrependido querendo você de volta. De nada vai adiantar. Eu não estou mais sofrendo e não tenho mais dúvidas.

Se liga mlk. O encanto acabou há muito tempo pra mim. E não vai mais voltar.



If this was a movie, the lights would come on right now.
If this were a movie.
Were a movie.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dependências

Mostrei o blog para um amigo meu ontem e ele perguntou "Por que o blog se chama Still Sober? Você é alcoólatra por acaso?". Ri e resolvi então fazer um post de apresentação e explicação (mesmo estando na sexta entrada).

Still Sober vem da letra de uma das canções mais lindas que eu conheço, Sober da Kelly Clarkson. Além do instrumental ser hipnotizante, a letra fala de um tema bem recorrente nas canções dela, aquele amor do qual você se torna dependente.

Sober trata daquele momento em que você percebe que não é mais brincadeira, não é mais faz de conta. Acabou. Está na hora de pegar os estilhaços no chão e se recompor. É hora de se reabilitar. Claro que é um processo que pode acabar com o nosso coração ou ser exatamente o que vai nos salvar. E pra isso é preciso ir com tudo, compartilhando pensamentos, emoções e medos que estão pesando nas nossas costas. Sem dúvidas e, principalmente pra mim, sem comparações. Tão aí duas lições difíceis de aprender.

"Picked all my weeds, but kept the flowers". É uma das frases que eu mais gosto da música. As weeds ou ervas daninhas não são (pelo menos pra mim) rapidamente entendidas como pessoas, mas sim emoções e atitudes que fazem mal, que são destrutivas, as quais se evita e eventualmente conquista-se a força para não alimenta-las.

Mas como todo o vício ela sabe (e eu também) que isso nunca vai terminar completamente.

Kelly canta que está sóbria há 3 meses. Eu posso estar há quase 2 anos, há 1 mês ou até há 1 semana, ou posso nem ter começado, dependendo do ponto de vista. Mas o que importa é que eu ainda estou aqui, ainda estou de pé, ainda respiro e ainda lembro de tudo.

A Kelly sempre teve a habilidade de lançar álbuns em momentos chave na minha vida. O que contém essa faixa, por exemplo, foi lançado em Junho de 2007. Lembro muito bem do dia em que baixei ele, e como demorei um bom tempo pra ter coragem de ouvi-lo.

Então, enquanto estava passando por uma fase bem ruim no final do ano passado pensei que Kelly tivesse me abandonado. Até que vi o nome do álbum onde encontro a música que inspirou esse blog: My December.

E aí tudo fez sentido.

http://www.youtube.com/watch?v=R8Sx9PITQco

Desculpa a, talvez, falta de profundidade do post. Estou descansando um pouco minha cabeça, ou pelo menos tentando.
Prometo que quando puder escrevo um texto um pouco mais profundo sobre toda essa questão de dependência, mas acho que até esse afastamento de pensamentos mais profundos é parte desse processo de rehab.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Relapses

The walls are looking at me
But I don't want to look back at them
The silence of this house
I wish I could put it in my head

And I try to make it stop but I can't
And I try to get better but it's just too hard

You're probably there
Singing love songs to someone else
And I'll be hearing them in my head
All the time

And you're probably there
Smiling to yourself when you think of him
And all I do is cry

Your presence is constant
You're there but you're here
And I don't know which is worse

A rush of blood goes through me
And like a lady in her fifties
I get hot flashes when you two cross my mind
Am I going through menopause?
Did you put me on menopause?

I can't watch TV
The love stories make me sad
I can't listen to music
And even the those stupid pop songs
Make me think of you
Now the silence haunts me
What am I to do?
What am I to do?

Maybe someday I'll be grand enough
To look at you, me, and the one right next to you
But for an emotional brimful mind
This is way more than I can handle
I'm sorry. I'm not strong like you
I really wanted to be

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Indagações

Por que eu nunca sei exatamente o que eu quero?

E por que a única coisa que tenho absoluta certeza que eu quero eu não posso ter?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Viagens

Sempre amei viajar. Pra mim, que sou de uma cidade minúscula, ter a oportunidade de conhecer um local diferente, com ouras pessoas e outras culturas sempre foi uma ideia que me trazia uma empolgação gigante. Mas como muitas coisas são na minha vida, a teoria é muito diferente da prática.

As últimas viagens que fiz há alguns anos atrás fazem, com certeza, parte dos melhores momentos da minha vida. Mas também eram um poço enorme de ansiedades. Estava com tanto medo de ficar ansioso e não aproveitar que por isso mesmo ficava ansioso e não aproveitava. É, eu sei, doido.

Minha vontade de viajar era tanta que eu já chegava no meu destino pensando em como iria sofrer para voltar. Sofria por antecipação. E o pior é que isso não causava mal só para mim, mas para quem estava a minha volta. Noites de sono curtas, despertares trêmulos e praticamente nenhum apetite. O medo e a certeza de que aquilo tudo que eu tinha ali iria acabar fazia meu corpo parar de funcionar.

A hora de realmente ir embora, então, era o ápice. Chegar em casa e olhar para o nada era desesperador. Ainda mais por que batia aquele arrependimento. Droga, eu de novo não consegui aproveitar da forma como deveria.

Talvez por isso que fiquei um bom tempo sem viajar. 3 anos sem aeroportos, hotéis, e rodadas de táxi por uma cidade desconhecida.

Mas uma hora aquele comichão, aquela vontade de levantar da cadeira e aquele desejo de sair desse lugar onde tudo me lembra o que eu luto pra não pensar apareceu. E eu fui.

Alguns podem dizer que foi apenas um fim de semana, nada de mais. Mas pra mim foi uma vitória sem precedentes. Pela primeira vez desde que era criança consegui aproveitar uma viagem. Saí, me diverti, ri, abracei e recebi muito carinho e apoio de pessoas que gostam de mim e me amam, além de pessoas que mal me conheciam mas já me receberam de braços abertos. Dormi pouco, sim, admito. Mas meus despertares não foram trêmulos, e sim dispostos a começar o dia. E a volta, que sempre foi o pico do medo pra mim, foi tranquilo e trouxe com ela aquela sensação de orgulho, de dever cumprido.

Você pode estar se perguntando "Por que você conseguiu o que antes era tão difícil?". Dou duas das principais razões. Hoje, eu tenho motivos para estar feliz em voltar, não olho para o nada. Tenho planos e, principalmente, amigos aqui também. Não volto me sentindo sozinho, e sim acolhido como se tivesse indo para uma outra viagem.

A outra razão sou eu mesmo, lutando e trabalhando muito pra mudar e me livrar dessa ansiedade que chega a ser uma maldição. E apesar desse sentimento de conquista ser bittersweet, (afinal a indagação, por que mesmo que eu não pude fazer isso antes?) estou orgulhoso de mim mesmo. E sim, aos poucos eu vou vencendo tudo o que me faz mal para voar e conquistar o mundo.

How about me enjoying a moment for once?

Thank u.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Lados

Escrevi hoje no meu diário que parecem que existem duas pessoas dentro de mim. Na verdade existem várias. Vários lados meus, cada um com características bem próprias e as vezes completamente contraditórias.

Um desses lados é o lado B. O lado que julga negativamente todas as coisas ao meu redor, minhas escolhas, meus desejos. Acha que viagens serão muito perigosas, que lugares onde eu vou não são legais, que as pessoas a minha volta são chatas, feias, idiotas. Que escolhas que tenho em relação a trabalho são ridículas e que qualquer pessoas por quem eu me interesse nunca vai ser boa, bonita, inteligente, esforçada, divertida, compreensiva , carinhosa e paciente o suficiente. Nunca vai ser como esse meu lado é.

Ele quer colocar na minha cabeça que nada vai ser tão bom quanto era ou quanto poderia ter sido.

Meu lado B foi personificado na minha mente como você. É você que aparece na minha cabeça e faz todas essas comparações, que traz à tona todas essas dúvidas. Você é uma figura tão forte na minha vida que eu acabei criando um de você dentro de mim. Um ser exageradamente ruim, claro, afinal o meu lado D (do qual eu vou falar algum outro dia) adora estar nesse estado de tristeza, auto flagelamento e ansiedade. Você não fez por merecer estar nesse papel. Você não fez nada de errado.

Antes, a personificação da culpa e do julgamento era meu pai. Agora é você. Eu não quero que seja nenhum dos dois. Quero que seja eu mesmo, a única pessoa realmente capaz de me julgar. Por que só eu sei muito bem pelo que já passei, já senti, já deixei e não deixei de fazer. Só eu tenho como julgar o que (ou quem) pode ou não ser bom pra mim. E sou eu o detentor da força mais potente que vai me fazer levantar quando eu errar.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Gatos

Eu tenho um gato. Um vira-lata que há alguns anos atrás minha mãe encontrou passando na frente de casa. Nunca tinha visto bichinho mais magricela e feio. Mas minha mãe encasquetou que queria por que queria o gato, então a gente acabou ficando com ele.

Ele é hoje o xodó da família. O príncipe. Quem tem gato em casa sabe que, quando você menos perceber, ele tomou conta da sua vida e da sua casa. Ele é principalmente apegado aos meus pais. Quando eles viajam e eu fico aqui sozinho com ele então é uma deprê só. Fica miando pelos cantos, querendo atenção, alguém pra brincar. Apesar de toda a pose de independente, ele é muito carente.

Quarta-feira eu e meus pais fomos pra praia passar o ano novo e deixamos ele completamente sozinho. Imagino a solidão pela qual ele deve ter passado. Pobres vizinhos pra ouvir os lamentos dele também.

Chegamos hoje e ele nos viu e ficou meio atordoado, com aquela cara de "Nossa, vocês ainda existem?". Depois de todo esse tempo longe, que para o gato deve ter durado uma eternidade, nos ver de novo deve ter sido uma mistura de felicidade e apreensão.

Agora a pouco vi que, como ele já estava acostumado a fazer, meu gato estava deitado com meu pai no sofá. Enquanto meu pai dormia profundamente, o Ozzy, ao contrário do que ele normalmente faz, não dormia. Estava completamente ligado, tenso, os olhos bem abertos a qualquer movimento. Com medo de que a qualquer momento ele fosse perder o que tinha ali perto. Aquela pessoa que dava a ele uma enorme segurança. Medo de estar sonhando. Medo de fechar o olhos e quando os abrir perceber que tudo era um sonho.

O Ozzy provavelmente vai acordar bem cedinho amanhã, lá pelas 6h. Tenso, com medo.

Gato medroso.