segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Plenitudes

Uma vez eu descrevi a situação de perder alguém que você ama muito como a amputação de um membro do seu corpo. Você, que vivia muito bem, de repente tem que começar a saber lidar com a vida sem um braço, uma perna. Claro que, diferentemente de alguém que realmente perde uma parte do seu corpo, as feridas cicatrizam e tudo volta ao "normal" com o tempo. Mas enquanto isso permanece aquela sensação de que uma parte de você foi roubada, ou se foi pra sempre. E aí surge um sentimento de vazio, como se tivesse ficado um buraco dentro da gente. Esses dias eu fiquei pensando sobre esse vazio.

No filme Jerry Maguire tem uma hora que o Tom Cruise vira pra Reneé Zellwegger e diz: "You complete me". E todo mundo no cinema ou em casa dá um suspiro. Mas o que será que nos faz realmente nos sentir completos? Família? Amigos? Um trabalho? Um namoro? Dinheiro? O que é aquela coisa que se a gente conseguir vai falar "pronto, agora estou satisfeito"?

Estou cada dia mais chegando a conclusão de que precisamos nos sentir completos dentro de nós mesmos. Sozinhos. E deveríamos ver as pessoas maravilhosas que temos a nossa volta e todas as coisas que conquistamos como um bonus, um extra. Extras incríveis, claro. Que temos muita sorte de ter.

Nosso maior medo não deve ser o de perder as pessoas que a gente ama, e sim de SE perder, ou de viver a vida eternamente dependente das pessoas que estão à nossa volta. Nós devemos nos sentir completos sozinhos. Por que aqueles que amamos (e aquele que odiamos) vão todos, eventualmente, embora. Ou nós iremos primeiro, se não tivermos sorte. Sim, é horrível, mas é a verdade.

Eu não quero dizer que devemos virar eremitas e viver numa caverna longe de toda a sociedade. A gente precisa de gente. Precisa amar, rir, dançar, chorar, se divertir e fazer de tudo com quem quer que seja, desde que essas pessoas nos façam bem. E acredite, eu sei muito bem a importância da família e de amigos na nossa vida. Mas nosso senso de plenitude não deve estar condicionado a eles. Muito menos às coisas que a gente possui. Precisamos ter a habilidade de ser fortes e nos amarmos na solidão. É um processo longo e difícil, que nos exige olhar pra dentro de nós mesmos, coisa que muita gente morre de medo de fazer. É poder apreciar nossas qualidades, reconhecer e aceitar nossos defeitos e tentar trabalhar neles para melhorar.

Sim, a vida é chata pra caramba quando é passada sozinha. Mas conseguir realizar esse feito de se sentir confortável quando não tem mais ninguém em volta é um gesto de amor que você faz pra você mesmo. A dependência nada mais trás do que insegurança e medo. E eu acredito que quanto mais você se amar e buscar a sua própria plenitude, mais vai atrair pessoas dispostas a amar você também.

Um comentário:

  1. muita gente pode achar q é besteira minha. mas acredito que há alguns tipos de amor que não acabam nunca e que perduram para a eternidade. e tenho pessoas que me amam assim, esse amor lindo, puro e sem cobranças... so, u r not alone. i am here with you!

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